8.8.08

Olmpíadas de Pequim - atletas sem fronteiras

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Eu sou uma incorrigível entusiasta do esporte. Acredito na força que vem da superação do corpo, na honra de representar seu país, na sensação de ser muito maior do que se imagina ao subir em um pódio. Admiro e acredito nisso tudo, de verdade.

Em época de Olimpíada eu fico especialmente emotiva. Acho uma coisa tão legal isso de várias nações, algumas com um ou dois atletas apenas, estarem ali juntas, em um mesmo lugar, com uma mesma intenção. Não fosse pelo esporte, qual a possibilidade de nações politicamente inimigas estarem se "aturando", com seus atletas convivendo em um mesmo espaço? Onde seria possível estarem juntos as Coréias do Norte e do Sul, Estados Unidos e China, países da ex-URSS, árabes e palestinos, ocidentais, orientais, não fosse em um evento que celebrasse uma coisa tão positiva quanto o esporte?

Claro que há tentativas políticas de interferências. Na abertura dos jogos de Pequim, as duas Coréias entraram em delegações separadas, apesar das tentativas de negociação para que entrassem juntas. Porém, os joguinhos políticos não têm tanta força frente ao fair play.

O esporte também é uma via de denúncia de abusos de poder de regimes de governo fechados. Na mesma abertura olímpica, vimos a delegação norte-americana ser recebida com um ensaio de vaias, seguido de um silêncio frio, enquanto entrava no Ninho de Pássaro. Carregando a bandeira dos EUA estava Lopez Lomong, atleta que nasceu no Sudão e teve de fugir do país ainda criança, forçado pela sangrenta ditadura sudanesa apoiada pelos chineses. Agora, ele é cidadão americano e se encarregou de mandar um recado neste protesto silencioso, mas incômodo, contra o governo chinês. Outro exemplo foi o atleta Jesse Owens. Também negro e americano, desafiou Hitler nos jogos olímpicos de Berlin, em 1935, ao vencer um alemão no salto em distância, e colocando a "supremacia branca" dos nazistas em xeque.

Apesar de uma China "maquiada" de boa anfitriã, dos EUA "maquiados" de guerreiros em prol dos direitos humanos e de várias outras politicagens que usam o esporte como álibi, eu ainda amo e acredito no espírito esportivo.

Admiro "O atleta", assim mesmo, no singular - quase um arquétipo -. Aquele que, independente de qual nação representa, está competindo com um adversário, e não com um inimigo. Naquele momento, não importa o comunismo, a ditadura, a economia, a guerra, a censura, as fronteiras...

Apenas o jogo.

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