9.11.06

eu e minha melhor amiga

ela estava aflita. muito aflita. tão aflita quanto eu estou agora.
a pergunta era o por que de quando estamos sós nada dá certo nessa vida. e aí quando temos alguém não conseguimos fazer as coisas darem certo?

por que que no mundo não pode chover apenas milkshake de frutas vermelhas e amora?

aí um dia ele falou pra ela não ligar pra peripécia das borboletas estomacais. ela achou lindo. e respondeu pra ele que agora sim, tudo fazia sentido, aquela música fazia sentido. "pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza". porque quando a gente tá muito, muito, muito feliz, não dá pra fazer nada além de curtir nossa felicidade, mas quando a gente tá triste sai cada coisa bonita!

mas antes de tudo isso, ele perguntou pra ela se era verdade que ela tinha um artefato capaz de capturar a alma das pessoas no baile (isso foi dito antes do baile, claro). e depois e tudo isso, ele disse que ela tinha estragado o segredo. mas não era esse do baile não. era esse aqui. e o artefato que a fabrudaxa-madrinha deu pra ela não funcionou aquele dia do baile. e quase teve o efeito contrário, inclusive. ela me emprestou dia desses, mas também não funcionou comigo. isso foi muito ruim.

às vezes eu tento usar essa coisa (eu ainda não devolvi pra ela), mas tá falhando. acho que vou ter de trocar as pilhas, porque não consigo mais capturar almas com ele. vou falar pra ela. perguntar se ainda está na garantia.

ela disse agora que tá com medo. engraçado ver essa menina com medo - isso é coisa que ela quase nunca tem. eu acho que o medo dela é de pensar no futuro e pensar sozinha. é por isso que eu sempre digo pra ela parar com isso e começar a viver o presente, que é o que importa, afinal.

mas daí que ele a trata como se ela fosse uma princesinha, afora isso, que é ótimo, ela fica irritada um pouco. porque ela, assim como eu, não gosta de ser muito princesinha, ela é meio independentezinha demais pra isso. ela gosta de ser rainha, de ter poder, voz ativa, essas coisas - acho que ela puxou isso de mim, talvez.

porque o castelo dela é o mais lindo, o príncipe dela é o mais gato e o mundo dela é o mais encantado. mas ela também gosta de ser útil, também gosta de carregar as sacolas, de martelar as paredes e também conhece algumas coisas que quer compartilhar e não sabe como. ela é assim mesmo, meio estranha. ela também é e eu também sou. todos nós somos, na verdade.

mas ele fica um pouco assustado, talvez, com essa mania de fazer as coisas sozinha que ela tem, de ir aos lugares sozinha, de entrar nos prédios sozinha, como no sonho. mas ela nunca precisou nem nunca quis precisar de nada assim, então vem um conflito, um atritozinho. e atrito gera calor, né? e ele já tem as costas quentes.

e ela bate o pé e bufa como um touro brabo, mas não muito, ela cede. e ele anda de um lado pro outro, como um caranguejo perdido. mas os dois luneiam numa cabra, que fica pastando, preguiçosa no alto de uma colina (ou debaixo do edredon o dia inteiro, em plena terça feira - não se sabe ao certo) e junto com isso ainda têm o bovino em vênus - e isso significa um entrosamento que vocês não sabem.. ô inveja dessa menina!

diz um amigo meu que o dia que eles brigarem de verdade vai ser o apocalipse. mas eles se resolvem, porque eles se amam. o triste é que ela às vezes acha que ama demais, mais do que precisa e do que deveria. mas eu tô aqui falando pra ela que isso não existe: a gente sempre ama na medida certa, do jeito certo.

Um comentário:

Anônimo disse...

te amo.